Origem e evolução

Foi da Península Ibérica que, com muita probabilidade, saíram há cerca de 2000 anos os animais, levados pelos Celtas como meio de transporte e trabalho, que vieram a dar origem à raça bovina Salers. Pensa-se assim, pelas afinidades que se verificam com as raças vermelhas da Península, nomeadamente a Retinta espanhola e as portuguesas Alentejana e Algarvia.

A raça Alentejana foi, ao longo dos séculos, utilizada para, essencialmente, produzir animais de trabalho para a agricultura e não só. A partir do começo da mecanização agrícola nos anos 50 do século vinte, esta raça rapidamente perdeu importância na área do trabalho.

Foi nesta fase que, com muita sabedoria e visão do futuro, os donos de duas casas agrícolas da região de Évora, a "Casa Soares" e a "Casa Joaquim Grave", deslocaram-se a França e importaram vacas e touros Salers, tendo-se dedicado a criar reprodutores em Portugal para, como raça melhoradora, os fornecerem aos agricultores da região. Foi assim que, a partir das manadas existentes, se começaram a produzir animais com vocação para carne. Estes cruzamentos por absorção com a utilização de touros Salers foi um sucesso tal, que pode dizer-se que mais de 60% das vacadas existentes nos concelhos de Évora e Montemor-o-Novo eram à data do 25 de Abril de 1974 da raça Salers, com as suas características bem definidas: excelentes condições maternais, facilidade de parto, docilidade, mantendo uma boa adaptação à região, com temperaturas muito altas no verão e invernos rigorosos.

A implantação e desenvolvimento da raça em Portugal veio a sofrer um revés, primeiro com a reforma agrária resultante da revolução de 1974 em que quase todas as vacadas foram destruídas, e depois com as Políticas Agrícolas da União Europeia (PAC) que privilegiavam a quantidade em desfavor da qualidade e da capacidade produtiva. Graças a um pequeno grupo de criadores, a raça conseguiu sobreviver a esses tempos anormais e com a melhoria das condições de mercado e as alterações na PAC, assiste-se neste momento a um incremento do interesse de muitos produtores pecuários nos reprodutores Salers. Nos últimos anos há a registar várias importações de animais, que muito vêm beneficiar os efetivos existentes em Portugal, dado o trabalho de melhoramento que se tem feito em França. Voltou a ser criada uma Associação de Criadores da Raça Salers e ativado o respetivo Herd BooK.